Retardar o processo biológico de envelhecimento com a suplementação de vitaminas e hormônios. É o que promete a Medicina Antienvelhecimento, ou Medicina Antiaging. O assunto foi discutido no último Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, realizado em maio deste ano, no Rio de Janeiro.
Especialistas da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) analisaram os estudos sobre essa prática e reforçaram a falta de comprovação dos benefícios desta técnica. De acordo com a Dra. Theodora Karnakis, geriatra do Einstein que participou do evento, além da falta de evidência científica de que o uso traz benefícios para saúde, hoje existe demonstração de que os efeitos podem ser negativos. “Já existe comprovação que vitaminas e hormônios em excesso podem ser prejudiciais e levar ao risco aumentado para o desenvolvimento de cânceres e outras doenças. O uso excessivo de vitamina E e de testosterona, por exemplo, têm relação com o aparecimento de tumores na próstata, assim como o uso inadequado da vitamina A como antioxidante pode levar ao aparecimento de lesões na pele e no fígado, explica a geriatra.
O processo natural do envelhecimento faz com que a partir dos 20 anos comece uma diminuição gradativa de algumas vitaminas e hormônios. No entanto, esta alteração não implica na necessidade e indicação inadvertida de vitaminas e hormônios. “A reposição pode e deve ser feita quando há carência comprovada daquele nutriente ou hormônio de forma que interfira positivamente na saúde, mas não quando os fins são estéticos e com objetivo de retardar o envelhecimento”, destaca a médica.
No caso da reposição hormonal no período da menopausa, por exemplo, o médico faz uma avaliação do risco da paciente para doenças cardiovasculares e câncer e pondera o risco e benefício para uma reposição segura de hormônio para aquela paciente. De acordo com a médica, se a reposição acontecer sem a real evidência, acompanhamento e prudência do médico, o paciente está sendo submetido a um risco muito maior para o surgimento de outras doenças.
Mas como envelhecer de forma saudável?
O primeiro passo é aceitar que envelhecer é um processo natural da vida. “O termo antienvelhecimento tem um apelo negativo, pois gera um preconceito com essa fase da vida. Você pode envelhecer bem ou pode envelhecer mal, mas todo mundo precisa compreender que vai envelhecer”, afirma a geriatra.
Para chegar à terceira idade de forma saudável, a principal receita é adotar hábitos saudáveis desde jovem, cuidando da alimentação, equilibrando as horas de sono, a quantidade de cigarro e bebida consumidos e tomando cuidados com a proteção solar. Outro hábito fundamental é a prática regular de atividade física, que auxilia diretamente no primeiro sinal do envelhecimento, que é a perda de força muscular. Uma alimentação rica em frutas como uva e tomate também traz diversos benefícios, por serem fontes de antioxidantes.
“Não tenho dúvida que a instituição de medidas de saúde e a compreensão e valorização dessa fase da vida sejam muito mais eficazes do que qualquer reposição sem necessidade”, finaliza Dra. Theodora