Clínica Camargo Píscopo

Dra. Rita Piscopo

Glossário da Reprodução Humana

Aborto: Término da gravidez antes de 22 semanas de gestação.
Blastocisto: Embrião no quinto dia de evolução.
Ciclos cancelados: Sempre que um ciclo de TRA é interrompido antes da obtenção de um óvulo ou em casos em que a transferência de embriões congelados não é realizada. Os ciclos podem ser cancelados por várias razões: folículos não se desenvolvem; a paciente pode ficar doente ou pode escolher por interromper o tratamento por qualquer motivo.
Ciclo de embrião congelado: Ciclo de reprodução assistida na qual um embrião é descongelado e transferido para a mulher.
Ciclo de ovodoação: O embrião é formado com o óvulo de uma mulher doadora e transferido para uma receptora. A doadora abre mão de todos os direitos parentais sobre os resultados obtidos.
Ciclos de TRA: Processo pelo qual os ovários são estimulados e monitorados com o intuito de realizar TRA, inseminação intrauterina, coito programado e fertilização In Vitro. Também se considera os ciclos para a transferência de embriões congelados. O ciclo se inicia quando a mulher inicia a tomada de medicações.
Criopreservação: Prática de congelar embriões excedentes, óvulos, ou espermatozoides para um potencial uso futuro.
Disfunção ovulatória: Diagnóstico de mulheres que não produzem óvulos normalmente. A causa mais comum são os ovários policísticos.
Efeitos adversos: Uma gravidez não necessariamente resulta em um bebê nascido vivo. Efeitos adversos podem ser perdas gestacionais, aborto, morte fetal intrauterina, gestação múltipla e parto prematuro.
Embrião: O óvulo após ser fertilizado pelo espermatozoide e após uma ou mais divisões celulares.
Endométrio: Membrana que reveste a parte interna do útero.
Endometriose: Condição médica que envolve a presença de um tecido similar ao encontrado dentro do útero fora do lugar. Esta condição pode interferir na fertilização do óvulo e na implantação no útero.
Espermatozoide: Célula reprodutiva masculina.
Estimulação ovariana: Uso de medicamentos por via oral ou injetável para desenvolver folículos e óvulos.
Fator feminino: Qualquer causa de infertilidade feminina que impeça a gravidez.
Fator masculino: Qualquer causa de infertilidade desde baixa contagem de espermatozoides até problemas que dificultem a fertilização do óvulo pelo espermatozoide em condições normais.
Fator tubário: Tipo de diagnóstico onde as tubas uterinas estão obstruídas ou danificadas, dificultando que o óvulo seja fertilizado pelo espermatozoide.
Fator ovariano: Qualquer problema que impeça ou dificulte a formação de um óvulo.
Fator uterino: Desordem funcional ou estrutural do útero que resulta em redução da fertilidade.
Fertilização: Penetração no óvulo pelo espermatozoide resultando em uma combinação genética que dará origem a um embrião.
Fertilização In Vitro (FIV): Procedimento que envolve a retirada de óvulos do ovário e a sua fertilização fora do corpo. Os embriões resultantes são transferidos para o útero através do colo uterino.
Feto: Concepto a partir da oitava semana de gestação até o nascimento.
Folículo: Estrutura do ovário que contém um óvulo em desenvolvimento e é responsável pela produção de hormônios.
Gameta: Célula reprodutiva. Pode ser masculina, espermatozoide ou feminina, óvulo.
Gestação: Período que vai do momento da implantação do embrião ao nascimento.
Útero de substituição ou Gestação de substituição (barriga de aluguel): Mulher que aceita ficar grávida com o embrião de outro casal e que tem obrigação contratual de entregar a criança ao nascimento para seus pais biológicos.
Gestação múltipla: Quando são observados dois ou mais batimentos cardíacos fetais no primeiro trimestre de gestação.
Gravidez ectópica: É a gravidez na qual o óvulo fertilizado implanta em uma localização fora do útero. Usualmente ocorre na trompa, e mais raramente no ovário ou cavidade abdominal. Essa é uma condição perigosa e tem que receber tratamento médico.
Gravidez clínica: Quando o saco gestacional é visualizado no ultrassom.
Gravidez química: Quando o teste de gravidez, dosagem de β HCG dá positivo.
Histeroscopia: Uma pequena fibra ótica é colocada no interior do útero para diagnosticar alterações no endométrio.
ICSI: Procedimento na qual um único espermatozoide é injetado dentro do óvulo. É mais comumente usado quando existe um problema masculino.
Indução da ovulação: Período dos tratamentos de reprodução humana que tem como objetivo, através de medicamentos, estimular a produção de folículos do primeiro dia do ciclo menstrual até a finalização do período fértil da mulher visando a obtenção do maior número de óvulos (considerando o que é saudável para o organismo feminino), para a finalidade da fertilização com o gameta masculino para uma gestação imediata ou futura, através da criopreservação.
Infertilidade sem causa aparente (ISCA): Tipo de infertilidade onde não é descoberta nenhuma causa de infertilidade, nem masculina e nem feminina.
Inseminação intrauterina: procedimento médico que envolve a colocação de espermatozoides preparados dentro do útero, após indução da ovulação, para facilitar a fertilização.
Laparoscopia: Procedimento cirúrgico no qual é realizada uma pequena incisão no umbigo para observar a pélvis, através de uma fibra ótica acoplada a um vídeo.
Monitorização ovariana: Exames seriados de ultrassom e/ou de sangue e urina, com o objetivo de avaliar o desenvolvimento dos folículos ovarianos.
Mórula: Embrião com mais de doze células, estágio em geral alcançado no quarto dia de desenvolvimento embrionário.
Nascido vivo: Parto onde uma ou mais crianças apresentam qualquer sinal de vida.
Óvulo ou ovócito: Célula reprodutiva feminina que fica dentro do folículo.
Óvulos, espermatozoides ou embriões frescos que não foram congelados: Embriões frescos podem vir de óvulos ou espermatozoides congelados.
PGD (Diagnóstico Genético Pré-Implantacional): Técnica que combina avanços em biologia molecular e TRA. Realiza-se a retirada de algumas células do embrião antes da transferência para identificar doenças genéticas. Está especialmente indicado em situações de alto risco para doenças genéticas.
Punção ovariana: Procedimento de coleta dos óvulos presentes nos folículos ovarianos, realizado com sedação e em jejum.
Reserva ovariana: Quantidade de óvulos restantes até a menopausa, avaliado por dosagens hormonais e ultrassom. Sua diminuição significa redução na habilidade do ovário em produzir óvulos. São várias as razões que explicam, dentre elas causas genéticas, doenças como caxumba, cirurgias ovarianas e idade materna.
Saco gestacional: Estrutura cheia de líquido que se desenvolve no útero na fase inicial da gravidez. Em uma gestação normal o saco gestacional irá conter o feto em desenvolvimento.
Sêmen: Líquido produzido por glândulas reprodutoras masculinas e que contém os espermatozoides.
SBRH, SBRA e Rede LARA: Sociedades profissionais cujos afiliados compõem a maioria das clinicas de reprodução assistida no Brasil.
Taxa de gravidez: Medida de sucesso das TRA´s definida pela relação entre o número de pacientes que fizeram o procedimento e o número de pacientes com exame positivo.
Taxa de implantação: Medida de sucesso das TRA’s quando ciclos de reprodução assistida resultam em gravidez clínica e é definida pela relação entre o número de embriões transferidos e o número de batimentos cardíacos fetais ao ultrassom.
Tecnologia de reprodução Assistida (TRA): Todo tratamento ou procedimento que envolva a administração de drogas que estimulam a produção de óvulos e o monitoramento com ultrassom, com o intuito de obter óvulos para serem fertilizados pelos espermatozoides. Pode ser dividida em dois tipos: baixa e alta complexidade. Baixa complexidade são os processos em que a fertilização do óvulo ocorrerá na trompa, existem dois tipos: Inseminação Intrauterina e Coito Programado. Na alta complexidade, a fertilização ocorrerá no laboratório seguido da transferência desses embriões para o útero da mãe.
Transferência de embrião: Colocação do embrião no útero depois da FIV. Ocorre em geral no terceiro ou quinto dia depois da punção e é realizada com a bexiga cheia.
TEC: transferência de embrião congelado.
Ultrassom: Exame que permite a visualização dos folículos ovarianos, saco gestacional ou feto.

Fonte: https://www.ideiafertil.com.br

Anticoncepcionais – Hormônios que cuidam do corpo

A eficácia da pílula anticoncepcional na prevenção da gravidez não planejada é amplamente conhecida. Pesquisa da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) revela que 70% das usuárias não têm intenção de mudar de método contraceptivo. O que talvez muitas mulheres não saibam é que os benefícios hormonais do medicamento vão além, passando pelos tratamentos da síndrome dos ovários policísticos e de problemas de pele, como espinhas.

“As pílulas devem ser adaptadas ao perfil de cada paciente, proporcionando, assim, benefícios à saúde e ao corpo”, define a professora livre-docente Angela Maggio da Fonseca, da clínica de Ginecologia do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).

“Os hormônios presentes na pílula ajudam a manter a regularidade dos ciclos menstruais e diminuem o fluxo de sangue. Os medicamentos com componentes antiandrogênicos melhoram a acne e o hirsutismo. Também são indicadas às pacientes que apresentam cistos nos ovários e para tratamento da endometriose”, completa a médica, coautora do livro Tratado de Ginecologia – Condutas e Rotinas da Disciplina de Ginecologia da FMUSP.

A regularização da menstruação, por exemplo, pode contribuir para a redução de quadros de anemia. Até mesmo quando a anomalia é intensa, o medicamento, se ingerido de maneira contínua, impede as perdas de sangue, aliviando o problema.

A pílula também é utilizada para tratamento de alterações menstruais causadas, por exemplo, pela síndrome dos ovários policísticos.

Esse distúrbio é caracterizado por períodos sem menstruação ou falta de ovulação e ser causa de infertilidade em algumas pacientes. Segundo a Dra. Angela, como na síndrome, ocorre aumento dos níveis de androgênios, as pacientes podem apresentar sinais clínicos de hiperandrogenismo ou aumento de androgênios no sangue, levando a hirsutismo, acne ou obesidade androgênica.

“O ultrassom mostra ovários geralmente aumentados de volume, com 12 ou mais cistos menores que 1 centímetro, localizados um ao lado do outro na superfície do ovário. A pílula é indicada nesses casos, pois inibe os estímulos centrais (gonadotrofinas) que atuam irregularmente no local, inibindo, portanto, a formação de cistos, e, com isso, a produção de androgênios”, acrescenta.

Endometriose e saúde da pele

Os hormônios presentes nas pílulas anticoncepcionais também podem combater a endometriose, doença caracterizada pela presença do endométrio (camada que reveste o útero internamente) fora da cavidade uterina.

É comum “associar ao problema uma ampla gama de sintomas, como dor pélvica no baixo ventre – com piora acentuada durante as menstruações –, incômodo na relação sexual e infertilidade”, explica a Dra. Angela. “Quando ingerida continuamente, a pílula ajuda contra a endometriose, pois inibe a menstruação e, portanto, o sangramento desses focos ectópicos, levando, no longo prazo, à inibição dos mesmos.”

A qualidade da pele também pode ser melhorada, principalmente no caso dos medicamentos que possuem progestógenos antiandrogênicos (acetato de ciproterona e drospirenona). Isso ocorre ao se evitar estimulação excessiva dos receptores androgênicos dos folículos pilo-sebáceos, que eleva a produção de gordura, deixando a pele mais oleosa.

Juntamente com a predisposição genética, o excesso de óleo na pele leva à hiperqueratinização (produção excessiva de células mortas contendo queratina), com o surgimento de “comedões (cravos), que, aliados a alterações da flora bacteriana, ocasionam o aparecimento de pápulas, cistos e pústulas, que, ao se romperem, deixam cicatrizes”, avalia a professora livre-docente do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia do Hospital das Clínicas da FMUSP.

“Os progestógenos antiandrogênicos das pílulas anticoncepcionais bloqueiam os receptores androgênicos e inibem a produção de gordura, ocorrendo, assim, a melhora da acne”, conclui.

Gravidez tardia

Plenitude e amor incondicional são alguns dos sentimentos vividos por mulheres que decidem ser mãe. E essa decisão tem ocorrido cada vez mais tarde nos dias de hoje, por várias razões: o surgimento da pílula anticoncepcional, a participação feminina ativa na vida social, econômica e política e, principalmente, o ingresso no mercado de trabalho.

Gravidez tardiaSe antes o ímpeto de casar e ter filhos ocorria por volta dos 20 anos de idade, atualmente ele acontece perto dos 30. Só na maternidade do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), em agosto de 2007, perto de 25% dos cerca de 300 partos foram realizados em mulheres com mais de 35 anos e 3% em pacientes acima de 40 – os percentuais são expressivos.

Mas até que ponto o adiamento da maternidade interfere nas possibilidades de uma gravidez natural? Segundo especialistas, o tempo é um dos vilões para a reprodução, no caso da mulher. Estima-se que todas nasçam com cerca de 2 milhões de óvulos, os quais também “envelhecem” anualmente, ou seja, os óvulos de uma mulher de 30 anos têm 30 anos. O período biologicamente ideal para a gravidez é dos 18 aos 28 anos.

A partir dos 35, além da maior dificuldade de engravidar, a mulher está exposta ao risco de gerar uma criança portadora de anormalidades genéticas. “Estima-se que após os 35 anos a probabilidade de o bebê nascer com síndrome de Down, por exemplo, seja de 1 para 350, enquanto acima de 40 anos é de 1 em 100”, explica o dr. Eduardo Cordioli, coordenador da maternidade do HIAE. Aos 20 anos, o risco é de 1 em 1.600.

De olho na fertilidade
Para evitar surpresas e problemas de infertilidade, o caminho é a prevenção. É preciso passar por consultas periódicas com ginecologistas e tentar não adiar demais a busca pelo filho.

Convém também, antes de começar a encomendar o bebê, ou na época de noivado, que o homem e a mulher passem por exames para verificar como anda a saúde reprodutiva de cada um. Quanto antes o diagnóstico for feito, maiores são as chances de tratamento.

Estima-se que após os 35 anos a probabilidade de o bebê nascer com síndrome de Down, por exemplo, seja de 1 para 350, enquanto acima de 40 anos é de 1 em 100

Entre os principais problemas de infertilidade feminina estão: interrupções nas trompas, distúrbios de ovulação e endometriose. Para os rapazes, os maiores vilões são infecções, doenças sexualmente transmissíveis e a varicocele (varizes nos testículos).

Segundo especialistas em reprodução humana, cerca de 20% dos casais terão dificuldade de gerar um bebê e muitos desses terão de recorrer à fertilização in vitro para realizar o sonho de ser pai e mãe

Mitos e verdades sobre o sexo na gravidez

Prática é indicada no final da gestação para casais que buscam parto normal.

Mitos e verdades sobre o sexo durante a gravidez.

Sexo durante a gravidez traz desconforto para a grávida? Machuca o bebê? Atrapalha o desenvolvimento da gestação? Faz bem ou faz mal?

Mais da metade dos casais que serão pais pela primeira vez vai ao médico com as dúvidas acima já nas primeiras consultas de pré-natal. Entre aqueles que já tiveram problemas com gravidez de risco e ameaça de aborto esse número chega a quase 100%.

Sexo é bom, faz bem para quem pratica e para a relação do casal, pode ser feito sem restrições até a chegada do bebê e é seguro, desde que seja uma gravidez saudável e sem intercorrências.

Riscos podem ocorrer somente quando a gestante tem sangramento (principalmente nos três primeiros meses de gestação), ameaça de aborto ou de parto prematuro. Nesses casos, recomenda-se a abstinência sexual, mas não necessariamente durante toda a gravidez.

Muitas vezes, recomendamos que não pratiquem sexo durante a fase de risco, assim como esforço físico e outros excessos no mesmo período. Passado o problema, o sexo está liberado. Por isso é fundamental o acompanhamento médico.

O bebê
Para o bebê, o sexo não faz bem nem mal. Importante mesmo é a mãe estar com boa saúde. Para a relação do casal, pode fazer muito bem. E não há regras: existem casais que perdem o estímulo sexual durante a gravidez e outros que sentem mais vontade. O ideal é que entrem em acordo e que não percam a harmonia, que é positiva para o bebê.

Em condições normais de gestação, o sexo não machuca o bebê, pois ele está muito bem protegido dentro do útero.

A partir do sexto mês da gravidez, o bebê começa a perceber melhor os estímulos externos, como os sons e a diferença de luz do dia e da noite. Em relação ao sexo dos pais, ele sente apenas os estímulos mecânicos, como se a mãe estivesse caminhando ou fazendo movimentos do dia a dia.

Posições sexuais
As posições da relação sexual devem mudar com o passar dos meses, de acordo com o bom senso do casal. Nos início da gestação, não há restrição. Conforme o útero vai crescendo, o casal deve procurar manter a mulher confortável, sem compressão forte sobre o bebê. Atenção também à coluna da mulher, que não deve ser forçada além da sobrecarga própria da gravidez.

Posições indicadas:

Posição colher: a mulher deitada de lado (a mesma indicada para dormir) com o homem atrás.
Mulher sentada sobre o parceiro, obtendo mais controle sobre o seu conforto.
Papai-mamãe adaptado: o homem deve manter a coluna mais elevada, para não comprimir o abdome da mulher.

O final da gravidez
No final da gravidez, a relação sexual pode causar contrações no útero. Para as mulheres sem risco de parto prematuro, essas contrações não são um problema. Para as que sofrem com dilatação do colo do útero (parte mais baixa do órgão, que segura o bebê) ou que estão grávidas de mais de uma criança, essas contrações têm um efeito maior e a indicação é a abstinência – para não estimular parto prematuro.

Nesse período, a relação sexual libera o hormônio ocitocina, responsável pelas contrações. Nas gestações normais, o sexo é bem-vindo nessa fase porque já vai preparando o corpo da mulher para o nascimento do bebê.

Outro efeito hormonal está na composição do sêmen, que possui uma substância que relaxa o colo do útero, chamada prostaglandina. Portanto, para aqueles casais que tiveram uma gestação saudável e que, por exemplo, optam por parto normal, uma das indicações médicas para o final da gravidez é praticar sexo.

Para quem tem risco de parto prematuro, o raciocínio é sempre o inverso.

Depois do parto
Após o nascimento do bebê, recomenda-se a média de seis semanas sem sexo, tempo que o corpo da mulher leva para voltar às condições normais e se proteger de microorganismos e infecções.

Depois de uma cesariana, é importante aguardar o período de recuperação. Se ainda não estiver cicatrizada, dificilmente a mulher conseguirá se soltar e curtir a relação sexual.

Assim que o bebê nasce, ocorre queda das taxas do hormônio feminino e predominância do hormônio que leva à produção do leite. Esse estado geralmente provoca na mulher uma baixa da libido.

Para voltar a praticar sexo depois da chegada da criança, é importante que o corpo da mulher tenha voltado às suas condições normais, que ela esteja segura e que o casal esteja adaptado à sua nova condição em casa.

Próteses mamarias

Prótese de silicone: o que saber antes de colocar?

A mamoplastia de aumento, mais conhecida como implante de prótese de silicone, é a principal cirurgia plástica realizada no Brasil, ultrapassando as de lipoaspiração. De acordo com a última pesquisa do Instituto Datafolha (2008), são cerca de 150 mil implantes de silicone por ano no país.

Apesar desse número elevado, é importante lembrar que o implante de silicone é um procedimento cirúrgico, e requer cuidados pré, intra e pós-operatórios.

Com a ajuda do Dr. Eduardo Cukierman, cirurgião plástico do Einstein, selecionamos as principais informações que você precisa saber antes de partir para a mesa de cirurgia:

A escolha do médico
Sentir-se confortável com o profissional que vai realizar o procedimento é o primeiro passo para uma cirurgia bem sucedida. Na primeira consulta o médico deve avaliar as reais necessidades, motivações e a expectativa da paciente para que o procedimento seja feito de forma individualizada e tenha o resultado esperado. É muito importante se sentir confortável para conversar com o médico e esclarecer todas as suas dúvidas. A formação do profissional também é item fundamental: procure sempre um cirurgião plástico, com título de especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

Exames e avaliação clínica
Como em qualquer procedimento cirúrgico, são necessários exames pré-operatórios habituais e exames específicos para a mama, como ultrassom e mamografia.

É fundamental que seja feita uma avaliação física, para analisar formas e volumes das mamas antes da operação, a proporção peso e altura da paciente, formato do tórax, posição da coluna vertebral e cicatrizes prévias. Também não deixe de relatar ao seu médico o uso de medicamentos, como anticoagulantes e anticoncepcionais, a presença de doenças crônicas, distúrbios metabólicos, se tem hábitos como tabagismo, e se sofre alterações constantes de peso, pois isso pode ter importância na indicação cirúrgica e no pós-operatório.

A escolha da prótese
Para ter o resultado ideal, os exames pré-operatórios clínico e físico devem ser detalhados. A definição do tipo da prótese, o volume, modelo, forma, a via de acesso e a localização devem ser individualizadas e sempre discutidas com o médico.

O local da cirurgia
O implante de silicone pode ser realizado em hospital ou clínica. O importante é que seja feita em um ambiente seguro, com um bom respaldo médico, estrutura e suporte caso haja algum imprevisto durante e após o procedimento.

Câncer de mama
Como em todos os casos, é importante relatar ao médico se existem antecedentes pessoais ou familiares de câncer de mama. Independentemente da colocação de próteses mamárias, é importante que a paciente seja acompanhada periodicamente pelo seu médico para a detecção precoce de eventual câncer de mama.

Pós-operatório
A adesão às orientações do pós-operatório é fundamental para o bom resultado da cirurgia. Por isso, é preciso se programar para evitar levantar peso, dirigir e fazer exercícios físicos nas primeiras semanas.

Cicatrização e queloides
Não é comum a formação de queloide, mas geralmente quem já tem histórico de má cicatrização pode apresentar essa alteração. O comportamento no pós-operatório interfere na cicatrização, por isso é fundamental cumprir às orientações médicas.

Estrias
É incomum o aparecimento de estrias após o implante de silicone. Geralmente há um equilíbrio entre a quantidade de pele e o volume da prótese. Por isso é importante que a escolha do volume seja particularizada.

Rejeição
A rejeição por parte do organismo é infrequente nesse tipo de procedimento. O que pode acontecer é uma contração cicatricial ao redor da prótese, ou seja, uma cicatrização exagerada, que faz com que a prótese perca sua forma original, deformando-a.

Sensibilidade e amamentação
A perda de sensibilidade nas mamas é pouco frequente. Também não existe interferência na produção de leite e na amamentação.

Troca de prótese
Apesar de extremamente duradouras (anos), as próteses de silicone não têm um período definido para substituição. O acompanhamento médico é imprescindível para determinar a troca.

Acompanhamento
O acompanhamento da cirurgia deve ser inserido na rotina anual. O ideal é que seja feito com o seu cirurgião plástico, mastologista ou ginecologista, que poderá realizar o exame físico e solicitar os complementares necessários para avaliação da prótese.

Vida saudável na terceira idade e o aumento da expectativa de vida

Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelam que a expectativa de vida do brasileiro ao nascer alcançou 73,5 anos em 2010, diferentemente da pesquisa anterior, em que o índice bateu 73,2 anos. No acumulado dos últimos 30 anos, o aumento foi de 11,5 anos na expectativa de vida. Diante desses dados, fica a pergunta: como envelhecer mantendo o bem-estar?

O envelhecimento saudável consiste na busca pela qualidade de vida por meio de uma dieta adequada e a prática de atividades físicas prazerosas, o que ajuda a diminuir o risco de quedas e fraturas, além de uma convivência social estimulante. Todos esses fatores trabalhados em conjunto ajudam a melhorar a autoestima e a autoconfiança dos idosos, preservando sua independência física e psíquica.

A atividade física é um excelente instrumento de saúde em qualquer faixa etária, em especial na terceira idade. Atividades como caminhadas ajudam a manter a capacidade cardiorrespiratória e diminuem a perda de massa óssea, que acaba acontecendo com o passar do tempo, e potencializa-se a partir dos 50 anos. Exercícios de fortalecimento muscular aumentam a massa muscular ou simplesmente previnem sua perda, que nessa idade acontece em torno de 0,5 kg por ano, melhorando a composição corporal e dando uma maior estabilidade articular, o que auxilia na prevenção de quedas muito comum nessa faixa etária.

Para um idoso sedentário que pretende iniciar um exercício, a recomendação dos educadores físicos do Hospital Israelita Albert Einstein Marcio Marega e Carla Giuliano, é realizar uma avaliação médica para saber se ele está apto ou se há algum tipo de restrição ou cuidado especial na escolha dos exercícios. “Deve-se escolher bem as atividades, pensando em algo que proporcione prazer para que sejam realizadas com regularidade. É importante também não realizar exercícios em jejum, cuidados com vestimenta e hidratação, além de avaliar a duração, intensidade e frequência da atividade, sem esquecer-se de qualquer sintoma que possa aparecer durante o exercício”, alertam Marcio e Carla.

O sucesso de um programa de saúde depende não somente de uma vida ativa, mas também de uma alimentação balanceada. “A escolha dos alimentos, a quantidade e horários que eles devem ser ingeridos devem ser considerados e podem interferir na resposta do corpo frente aos exercícios”, completam Marcio e Carla.

Em relação aos efeitos psíquicos e sociais, a atividade física parece reduzir os sintomas de depressão, ansiedade e a melhora de humor. “As revisões de literatura indicam o efeito benéfico positivo do exercício como tratamento da depressão ou ansiedade subclínica ou clínica, e também como auxiliares da melhora da qualidade de vida por meio do aumento da autoestima, da melhora dos estados de humor, da diminuição da ansiedade, da melhora do estresse, assim como o sono”, ressaltam os educadores físicos.

O geriatra do Hospital Israelita Albert Einstein, Clineu Almada, destaca que com a realização de exercícios físicos regulares há uma melhora da atividade de neurotransmissores que permitem uma sensação de bem-estar. Assim como há uma maior produção de endorfinas que auxiliam nessa resposta. “A atividade física realizada em grupos também incentiva outros prazeres advindos da melhor socialização. O fato das pessoas se perceberem com melhor postura, mais força e mais vitalidade permite que se sintam mais seguras e confiantes”, explica o médico.

O exercício físico regular melhora a qualidade e a expectativa de vida do idoso, ajudando nas atividades diárias da vida. A saúde na terceira idade depende também dos cuidados no passado, além da alimentação. Entretanto, é possível ainda reverter os efeitos do passado.

Saúde sexual : como orientar nossos filhos

Preservação da saúde sexual: como ajudar nossos filhos nessa tarefa?

Os índices de gravidez precoce são altos em todo o mundo. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos da América publicou que, em 1996, uma em cada dezoito adolescentes deram à luz nesse país. No Brasil, o Ministério da Saúde constatou que os partos de meninas entre 10 e 14 anos aumentou em 31% entre 1993 e 1998, tendo sido feitos 700 mil partos de meninas, de 10 a 19 anos, em 1998.Em 2000, um estudo americano publicado por Unger e colaboradores concluiu que culturas de origem asiática e branca apresentam números menores de sexo sem proteção do que culturas de origem latina. Segundo esses autores, certos valores culturais inerentes à cultura latina favoreceriam o descuido com o uso de preservativo ou métodos contraceptivos no instante da relação sexual.A dificuldade de acesso aos conhecimentos em sexualidade – devido à insuficiente possibilidade educacional (escolas) – também pode levar muitas jovens a não usar (ou usar incorretamente) os métodos contraceptivos. Nesse contexto, as meninas estão mais expostas à gravidez precoce e a mídia pode ajudar (e muito) na transmissão dos conhecimentos necessários.No entanto, sabemos que muitas meninas (mesmo aquelas bem informadas sobre como evitar a gravidez) não usam preservativo no momento da atividade sexual. Nesse caso, a simples informação não é suficiente. Vários impedimentos podem estar gerando esse descuido: imaturidade (biológica e emocional), mitos e conceitos errôneos, família ausente ou desestruturada, fatores emocionais.Para que esses impedimentos possam ser transpostos e ocorra mudança efetiva na prática sexual de nossas adolescentes, são necessários programas de educação sexual em escolas, elaborados e implementados por profissionais de saúde e educação especializados nessa área.
Diversos estudos comprovam que as meninas que esperam fazer faculdade estão mais motivadas a usar preservativo em seus encontros sexuais para postergar a gravidez precoce nessa fase de suas vidas. Sem essa motivação (perspectiva educacional), as jovens tendem a praticar mais sexo de risco e, como conseqüência, engravidam em maior proporção.

A crença de que engravidar vai “dar significado à vida”, por sua vez, está relacionada a características da cultura feminina e é observada em adolescentes de diferentes níveis educacionais e/ou econômicos. Muitas jovens ainda acreditam que ter um filho beneficiaria suas vidas, pelo fato de possibilitar que tenham alguém (bebê) que realmente precise delas ou as ame ou porque favoreceria o relacionamento com o namorado.

Um projeto de vida saudável na adolescência, com atividades que valorizem o bem estar (físico e emocional), favorece a qualidade de vida como um todo e, como conseqüência, a saúde sexual é mais valorizada. A prática rotineira de esportes é um bom exemplo de atividade recomendável.

Esse projeto de vida saudável é individual. O momento “certo” para a iniciação sexual, para que o futuro das meninas não seja prejudicado, depende da discussão entre jovens e adultos (pais, educadores, profissionais de saúde) sobre várias questões:

• Estou preparada para assumir as conseqüências de ficar grávida nessa fase da minha vida?
• Meu relacionamento está amadurecido e com intimidade suficiente para que a atividade sexual seja satisfatória?
• Estou ciente das formas de prevenir uma gravidez indesejada?
• Sinto necessidade pessoal de iniciar minha vida sexual ou estou sendo pressionada pelo meu parceiro ou meu grupo nesse sentido?

A partir desse questionamento, as jovens podem optar por adiar ou não o momento de sua iniciação sexual. O mais importante dessa decisão é que seja estabelecida pelas necessidades das próprias meninas (com autonomia) e que as possíveis conseqüências possam ser assumidas (com responsabilidade).

Fonte(s):

• Revista Seleções Reader”s Digest. Um assunto delicado. Como falar de sexo com seus filhos adolescentes? Por Cláudia Rodrigues. Rio de Janeiro (RJ); junho / 2002. p. 77-82.

Gravidez na mulher madura

Aos 41 anos, a atriz norte-americana Uma Thurman espera seu terceiro filho. Aos 38, a apresentadora Angélica também comemora a chegada da terceira criança à família Huck. Mariah Carey, Madonna, Nicole Kidman, Carla Bruni e Jennifer Lopez também estão na lista das famosas que decidiram engravidar por volta dos 40 anos. “As mulheres estão valorizando mais o aspecto profissional e postergando a maternidade”, diz o obstetra Daniel Rolnik, diretor do ambulatório de obstetrícia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). Segundo ele, é cada vez mais comum atender gestantes em idade avançada –que, para os médicos, é aquela acima dos 35 anos. Mas há mesmo uma idade ideal para engravidar? Quais os riscos que a mulher enfrenta em uma gestação por volta dos 40 É preciso tomar mais cuidados? O UOL Gravidez e Bebês conversou com especialistas para ajudar a esclarecer essas e outras dúvidas.

Fotos – Mãe de dois filhos, a atriz americana Uma Thurman, de 41 anos, espera o primeiro bebê com empresário Arpad Busson The Grosby Group
Há uma idade ideal para engravidar?
Para o obstetra Daniel Rolnik, biologicamente, o melhor período é entre os 19 e 29 anos, quando o corpo está mais preparado para a gestação e os riscos para a mãe e o bebê são menores. “O risco é maior a cada ano acima dos 35, e a gestação é mais crítica depois dos 40”, diz Rolnik. Além disso, quanto mais idade a mulher tem, menor a fertilidade. O obstetra Paulo Gallo, diretor do Vida – Centro de Fertilidade da Rede D’Or, no Rio de Janeiro, explica que o pico da fertilidade feminina vai dos 15 aos 25 anos. “A queda na fertilidade começa aos 25, acentua-se aos 30 e despenca depois dos 40”, diz Gallo. “A expectativa de vida aumentou muito nas últimas décadas, mas o ovário continua da mesma forma e já nasce com um número de óvulos pré-determinados”. O obstetra especialista em reprodução humana explica que, no período entre os 30 e 40, a mulher também está mais sujeita a ter problemas como cisto de ovários e endometriose, cujas cirurgias podem levar à infertilidade.

E SE O PROBLEMA FOR INFERTILIDADE?

Para a medicina, só é infertilidade quando o casal está tentando engravidar a um ano e sem sucesso. “Nesse caso, é preciso investigar e ver o método mais adequado, se é inseminação artificial ou in vitro”, diz o obstetra Daniel Rolnik diretor do ambulatório de obstetrícia do Hospital das Clínicas.

Para se submeter a qualquer um dos dois tratamentos, a mulher precisa ovular. Ou seja, é preciso que a mulher ainda não tenha entrado no período da menopausa, quando não há mais ovulação. “Se a mulher está próxima desse período, com uns 47 anos, ela não ovula mais com regularidade, o que dificulta o procedimento”. Nesse caso, é possível se submeter a ovodoação (doação de óvulos).

Para as mulheres jovens que sabem que vão adiar a maternidade e têm medo de não conseguir engravidar depois, a opção é o congelamento de óvulos. A técnica começou a ser procurada recentemente e é cara: o congelamento custa em torno de R$ 13 mil e, quando a mulher for fertilizada, deverá desembolsar mais R$ 16 mil.

Para quem tem diagnóstico de câncer e será submetida a tratamento, que pode comprometer a fertilidade, o tratamento compensa. “O ideal é que a mulher não deixe passar dos 35 anos para congelar seus óvulos, pois eles mantêm a característica da idade em que foram congelados”, afirma Paulo Gallo. “Quanto mais jovem congelar, maiores as chances de engravidar depois”.

É preciso fazer tratamentos?
Não é necessário fazer um tratamento para engravidar. A menos que a mulher tenha problemas de fertilidade. “É hora de considerar um tratamento se você estiver tentando engravidar há mais de um ano, tendo mais de duas relações por semana e sem métodos contraceptivos”, diz Paulo Gallo. Caso a intervenção médica seja necessária, quanto antes procurar uma clínica especializada, melhor. Quanto mais jovem, maior a chance de a fertilização dar bons resultados. (veja bloco acima)

Quais são os riscos?
Para a gestante, os principais riscos são os de doenças com maior probabilidade de atingir mulheres na faixa dos 40 anos. “As doenças pré-gestacionais mais comuns são diabetes e hipertensão arterial”, afirma Rolnik. “As que podem ocorrer durante a gravidez são diabetes gestacional, parto prematuro e pré-eclâmpsia [problema que ocorre quando há um comprometimento vascular na placenta]”. Todas essas doenças podem ser prejudiciais para o bebê, pois podem causar alterações no crescimento fetal. Outro problema é que, como os óvulos já não têm o conteúdo genético tão eficiente após os 35, a probabilidade de o bebê sofrer de alguma síndrome genética aumenta.

Também é mais comum a gestação de gêmeos –e até trigêmeos. E nem sempre isso acontece por consequência dos tratamentos para fertilização. A probabilidade de gestação múltipla natural é maior quanto maior a idade. O problema desde tipo de gravidez é que há maior chance de parto prematuro e restrição do crescimento fetal. “Os riscos de má formação são menores se a mulher já teve outros filhos com gestações tranquilas”, diz Mauricio Simões Abrão, professor do departamento de obstetrícia e ginecologia da Faculdade de Medicina da USP.

Quais cuidados ter antes de engravidar e durante a gestação?
Todas as mulheres, independentemente da idade, devem procurar um médico ao decidir engravidar. “É importante fazer alguns exames, suplementar o ácido fólico, corrigir hábitos inadequados como fumar ou beber e fazer um pré-natal bem feito”, diz Rolnik. “A orientação não muda muito, apenas temos de explicar que os riscos são maiores”. O obstetra afirma que é preciso fazer um mapeamento de doenças para todas as mulheres, jovens ou não. Aquelas com aproximadamente 40 anos devem ficar atentas à pressão arterial, fazer avaliação para detectar problemas na tireoide e, durante a gestação, dar atenção dobrada ao ecocardiograma fetal e ao ultrassom morfológico, que detecta doenças genéticas. “Procure um médico para fazer exames pré-gravídicos, ver se está em dia com as vacinas e pedir orientação para tomar ácido fólico antes da gravidez”, diz Abrão. É importante ter mais cuidado com a qualidade de vida, ficar atenta ao peso e ter hábitos e alimentação saudáveis. “Uma mulher de 40 anos com alimentação saudável, magra, que não fume ou beba, pode ter uma gravidez até melhor do que a de uma jovem que não se cuide”, diz Rolnik.

Medicina antienvelhecimento : faltam evidências científicas e sobram riscos a saúde

Retardar o processo biológico de envelhecimento com a suplementação de vitaminas e hormônios. É o que promete a Medicina Antienvelhecimento, ou Medicina Antiaging. O assunto foi discutido no último Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, realizado em maio deste ano, no Rio de Janeiro.

Especialistas da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) analisaram os estudos sobre essa prática e reforçaram a falta de comprovação dos benefícios desta técnica. De acordo com a Dra. Theodora Karnakis, geriatra do Einstein que participou do evento, além da falta de evidência científica de que o uso traz benefícios para saúde, hoje existe demonstração de que os efeitos podem ser negativos. “Já existe comprovação que vitaminas e hormônios em excesso podem ser prejudiciais e levar ao risco aumentado para o desenvolvimento de cânceres e outras doenças. O uso excessivo de vitamina E e de testosterona, por exemplo, têm relação com o aparecimento de tumores na próstata, assim como o uso inadequado da vitamina A como antioxidante pode levar ao aparecimento de lesões na pele e no fígado, explica a geriatra.

O processo natural do envelhecimento faz com que a partir dos 20 anos comece uma diminuição gradativa de algumas vitaminas e hormônios. No entanto, esta alteração não implica na necessidade e indicação inadvertida de vitaminas e hormônios. “A reposição pode e deve ser feita quando há carência comprovada daquele nutriente ou hormônio de forma que interfira positivamente na saúde, mas não quando os fins são estéticos e com objetivo de retardar o envelhecimento”, destaca a médica.

No caso da reposição hormonal no período da menopausa, por exemplo, o médico faz uma avaliação do risco da paciente para doenças cardiovasculares e câncer e pondera o risco e benefício para uma reposição segura de hormônio para aquela paciente. De acordo com a médica, se a reposição acontecer sem a real evidência, acompanhamento e prudência do médico, o paciente está sendo submetido a um risco muito maior para o surgimento de outras doenças.

Mas como envelhecer de forma saudável?

O primeiro passo é aceitar que envelhecer é um processo natural da vida. “O termo antienvelhecimento tem um apelo negativo, pois gera um preconceito com essa fase da vida. Você pode envelhecer bem ou pode envelhecer mal, mas todo mundo precisa compreender que vai envelhecer”, afirma a geriatra.

Para chegar à terceira idade de forma saudável, a principal receita é adotar hábitos saudáveis desde jovem, cuidando da alimentação, equilibrando as horas de sono, a quantidade de cigarro e bebida consumidos e tomando cuidados com a proteção solar. Outro hábito fundamental é a prática regular de atividade física, que auxilia diretamente no primeiro sinal do envelhecimento, que é a perda de força muscular. Uma alimentação rica em frutas como uva e tomate também traz diversos benefícios, por serem fontes de antioxidantes.

“Não tenho dúvida que a instituição de medidas de saúde e a compreensão e valorização dessa fase da vida sejam muito mais eficazes do que qualquer reposição sem necessidade”, finaliza Dra. Theodora

Cirurgia plástica íntima é mania mundial que preocupa ginecologista

Lábios vaginais recauchutados e outros retoques na genitália feminina não podem ser facilmente exibidos como peitões de silicone ou barriguinhas lipoaspiradas. Mesmo assim, são o último fenômeno no cardápio moderno das intervenções plásticas.

Excesso de plásticas inspira mural da diversidade genital
Riscos da cirurgia íntima incluem redução da sensibilidade
‘A vagina não é bonita, dá para ficar melhor’, diz modelo que fez cirurgia íntima

Nos EUA, são feitas mais de 1,5 milhão de cirurgias íntimas. No Reino Unido, 1,2 milhão. No Brasil, médicos apontam um crescimento de 50% nos últimos dois anos.

Um dos painéis que compõem o "Grande Mural da Vagin", do artista plástico inglês Jamie McCartney

O ginecologista Paulo Guimarães é expert em “design vaginal”. Dá cursos de formação em cosmetoginecologia para médicos. Nos treinamentos, diz, 900 mulheres são operadas por ano, a preços menores. No consultório, “com atendimento personalizado e sigilo”, afirma fazer 15 cirurgias íntimas por mês.

O cirurgião plástico Marcelo Wulkan, que atende em São Paulo e tem trabalhos sobre redução de lábios vaginais em publicações internacionais, diz fazer cem desses procedimentos por ano.

Mesmo médicos mais conhecidos por outros tipos de cirurgia, como implantes mamários e plástica de nariz, estão vendo a procura crescer.

“Nos últimos dois anos, passei de uma cirurgia íntima para três por mês”, conta Eduardo Lintz, chefe de cirurgia plástica do hospital HCor, de São Paulo, e professor do Instituto Ivo Pitangui, no Rio. No total, Lintz faz cerca de 40 cirurgias plásticas mensais.

TAMANHO-PADRÃO

Como não há evidências de que os lábios vaginais cresceram nos últimos anos, especula-se que o aumento de cirurgias redutoras esteja ligado à uma nova busca de medidas genitais “padrão”.

E o que é uma vagina normal? Assim como as estatísticas brasileiras sobre cirurgia íntima, as medidas são imprecisas. “Isso é um pouco subjetivo. Quando o lábio menor não ultrapassa 2 cm de largura pode ser considerado normal”, diz Wulkan.

Está longe de ser consenso. Segundo estudo no “British Journal of Obstetrics and Gynaecology”, a diversidade de tamanhos observada nos lábios vaginais da população é imensa, o que amplia o espectro de normalidade.

Para a modelo gaúcha Andressa Urach, a vagina não é bonita e dá para ficar melhor

O mesmo estudo aponta que trabalhos anteriores definiram como acima do normal lábios com mais de 4 cm de largura, mas essa medida deve ser revista e ampliada.

Quando os lábios menores ultrapassam os maiores, a tendência é serem considerados candidatos à cirurgia. Mas não se trata de uma imperfeição física.

“É constitucional, a mulher nasce com essa característica, como nasce com um nariz grande”, diz Lintz.

No entanto, o que é natural já não é o normal.

Imagens de nus femininos, reportagens e material didático criam o modelo de normalidade, diz a antropóloga Thais Machado-Borges, do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Estocolmo, Suécia.

No estudo “Um olhar antropológico sobre a mídia, cirurgia íntima e normalidade”, ela diz que as mulheres consideram atrativas as formas que correspondam a esse modelo, criadas por técnicas cirúrgicas. “Será que essas cirurgias podem transformar zonas erógenas em ‘paisagens’ onde reina o prazer?”, questiona.

Como em relação a narizes, peitos e bundas, o padrão estético muda conforme a época e o país. “Nos EUA, as mulheres querem vagina pequena, cor-de-rosa. As brasileiras querem no mesmo tom de pele do das mãos, com lábios de 1 cm a 1,5 cm”, diz o ginecologista Paulo Guimarães.

“É o modelo imaginário do órgão de menininha, o formato ‘sou virgem’”, interpreta a psicóloga Rachel Moreno.

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia alerta seus membros sobre riscos dessa onda.

“É preciso muito cuidado para mexer em locais com tantas terminações nervosas. As cirurgias íntimas são vendidas como soluções para dificuldades sexuais, mas, se você mexer onde não era para mexer, você piora o que era para melhorar”, diz Gerson Lopes, presidente da comissão de sexologia da entidade.