Clínica Camargo Píscopo

Dicas para Gestantes

Gravidez tardia

Plenitude e amor incondicional são alguns dos sentimentos vividos por mulheres que decidem ser mãe. E essa decisão tem ocorrido cada vez mais tarde nos dias de hoje, por várias razões: o surgimento da pílula anticoncepcional, a participação feminina ativa na vida social, econômica e política e, principalmente, o ingresso no mercado de trabalho.

Gravidez tardiaSe antes o ímpeto de casar e ter filhos ocorria por volta dos 20 anos de idade, atualmente ele acontece perto dos 30. Só na maternidade do Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE), em agosto de 2007, perto de 25% dos cerca de 300 partos foram realizados em mulheres com mais de 35 anos e 3% em pacientes acima de 40 – os percentuais são expressivos.

Mas até que ponto o adiamento da maternidade interfere nas possibilidades de uma gravidez natural? Segundo especialistas, o tempo é um dos vilões para a reprodução, no caso da mulher. Estima-se que todas nasçam com cerca de 2 milhões de óvulos, os quais também “envelhecem” anualmente, ou seja, os óvulos de uma mulher de 30 anos têm 30 anos. O período biologicamente ideal para a gravidez é dos 18 aos 28 anos.

A partir dos 35, além da maior dificuldade de engravidar, a mulher está exposta ao risco de gerar uma criança portadora de anormalidades genéticas. “Estima-se que após os 35 anos a probabilidade de o bebê nascer com síndrome de Down, por exemplo, seja de 1 para 350, enquanto acima de 40 anos é de 1 em 100”, explica o dr. Eduardo Cordioli, coordenador da maternidade do HIAE. Aos 20 anos, o risco é de 1 em 1.600.

De olho na fertilidade
Para evitar surpresas e problemas de infertilidade, o caminho é a prevenção. É preciso passar por consultas periódicas com ginecologistas e tentar não adiar demais a busca pelo filho.

Convém também, antes de começar a encomendar o bebê, ou na época de noivado, que o homem e a mulher passem por exames para verificar como anda a saúde reprodutiva de cada um. Quanto antes o diagnóstico for feito, maiores são as chances de tratamento.

Estima-se que após os 35 anos a probabilidade de o bebê nascer com síndrome de Down, por exemplo, seja de 1 para 350, enquanto acima de 40 anos é de 1 em 100

Entre os principais problemas de infertilidade feminina estão: interrupções nas trompas, distúrbios de ovulação e endometriose. Para os rapazes, os maiores vilões são infecções, doenças sexualmente transmissíveis e a varicocele (varizes nos testículos).

Segundo especialistas em reprodução humana, cerca de 20% dos casais terão dificuldade de gerar um bebê e muitos desses terão de recorrer à fertilização in vitro para realizar o sonho de ser pai e mãe

Mitos e verdades sobre o sexo na gravidez

Prática é indicada no final da gestação para casais que buscam parto normal.

Mitos e verdades sobre o sexo durante a gravidez.

Sexo durante a gravidez traz desconforto para a grávida? Machuca o bebê? Atrapalha o desenvolvimento da gestação? Faz bem ou faz mal?

Mais da metade dos casais que serão pais pela primeira vez vai ao médico com as dúvidas acima já nas primeiras consultas de pré-natal. Entre aqueles que já tiveram problemas com gravidez de risco e ameaça de aborto esse número chega a quase 100%.

Sexo é bom, faz bem para quem pratica e para a relação do casal, pode ser feito sem restrições até a chegada do bebê e é seguro, desde que seja uma gravidez saudável e sem intercorrências.

Riscos podem ocorrer somente quando a gestante tem sangramento (principalmente nos três primeiros meses de gestação), ameaça de aborto ou de parto prematuro. Nesses casos, recomenda-se a abstinência sexual, mas não necessariamente durante toda a gravidez.

Muitas vezes, recomendamos que não pratiquem sexo durante a fase de risco, assim como esforço físico e outros excessos no mesmo período. Passado o problema, o sexo está liberado. Por isso é fundamental o acompanhamento médico.

O bebê
Para o bebê, o sexo não faz bem nem mal. Importante mesmo é a mãe estar com boa saúde. Para a relação do casal, pode fazer muito bem. E não há regras: existem casais que perdem o estímulo sexual durante a gravidez e outros que sentem mais vontade. O ideal é que entrem em acordo e que não percam a harmonia, que é positiva para o bebê.

Em condições normais de gestação, o sexo não machuca o bebê, pois ele está muito bem protegido dentro do útero.

A partir do sexto mês da gravidez, o bebê começa a perceber melhor os estímulos externos, como os sons e a diferença de luz do dia e da noite. Em relação ao sexo dos pais, ele sente apenas os estímulos mecânicos, como se a mãe estivesse caminhando ou fazendo movimentos do dia a dia.

Posições sexuais
As posições da relação sexual devem mudar com o passar dos meses, de acordo com o bom senso do casal. Nos início da gestação, não há restrição. Conforme o útero vai crescendo, o casal deve procurar manter a mulher confortável, sem compressão forte sobre o bebê. Atenção também à coluna da mulher, que não deve ser forçada além da sobrecarga própria da gravidez.

Posições indicadas:

Posição colher: a mulher deitada de lado (a mesma indicada para dormir) com o homem atrás.
Mulher sentada sobre o parceiro, obtendo mais controle sobre o seu conforto.
Papai-mamãe adaptado: o homem deve manter a coluna mais elevada, para não comprimir o abdome da mulher.

O final da gravidez
No final da gravidez, a relação sexual pode causar contrações no útero. Para as mulheres sem risco de parto prematuro, essas contrações não são um problema. Para as que sofrem com dilatação do colo do útero (parte mais baixa do órgão, que segura o bebê) ou que estão grávidas de mais de uma criança, essas contrações têm um efeito maior e a indicação é a abstinência – para não estimular parto prematuro.

Nesse período, a relação sexual libera o hormônio ocitocina, responsável pelas contrações. Nas gestações normais, o sexo é bem-vindo nessa fase porque já vai preparando o corpo da mulher para o nascimento do bebê.

Outro efeito hormonal está na composição do sêmen, que possui uma substância que relaxa o colo do útero, chamada prostaglandina. Portanto, para aqueles casais que tiveram uma gestação saudável e que, por exemplo, optam por parto normal, uma das indicações médicas para o final da gravidez é praticar sexo.

Para quem tem risco de parto prematuro, o raciocínio é sempre o inverso.

Depois do parto
Após o nascimento do bebê, recomenda-se a média de seis semanas sem sexo, tempo que o corpo da mulher leva para voltar às condições normais e se proteger de microorganismos e infecções.

Depois de uma cesariana, é importante aguardar o período de recuperação. Se ainda não estiver cicatrizada, dificilmente a mulher conseguirá se soltar e curtir a relação sexual.

Assim que o bebê nasce, ocorre queda das taxas do hormônio feminino e predominância do hormônio que leva à produção do leite. Esse estado geralmente provoca na mulher uma baixa da libido.

Para voltar a praticar sexo depois da chegada da criança, é importante que o corpo da mulher tenha voltado às suas condições normais, que ela esteja segura e que o casal esteja adaptado à sua nova condição em casa.

Gravidez na mulher madura

Aos 41 anos, a atriz norte-americana Uma Thurman espera seu terceiro filho. Aos 38, a apresentadora Angélica também comemora a chegada da terceira criança à família Huck. Mariah Carey, Madonna, Nicole Kidman, Carla Bruni e Jennifer Lopez também estão na lista das famosas que decidiram engravidar por volta dos 40 anos. “As mulheres estão valorizando mais o aspecto profissional e postergando a maternidade”, diz o obstetra Daniel Rolnik, diretor do ambulatório de obstetrícia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo). Segundo ele, é cada vez mais comum atender gestantes em idade avançada –que, para os médicos, é aquela acima dos 35 anos. Mas há mesmo uma idade ideal para engravidar? Quais os riscos que a mulher enfrenta em uma gestação por volta dos 40 É preciso tomar mais cuidados? O UOL Gravidez e Bebês conversou com especialistas para ajudar a esclarecer essas e outras dúvidas.

Fotos – Mãe de dois filhos, a atriz americana Uma Thurman, de 41 anos, espera o primeiro bebê com empresário Arpad Busson The Grosby Group
Há uma idade ideal para engravidar?
Para o obstetra Daniel Rolnik, biologicamente, o melhor período é entre os 19 e 29 anos, quando o corpo está mais preparado para a gestação e os riscos para a mãe e o bebê são menores. “O risco é maior a cada ano acima dos 35, e a gestação é mais crítica depois dos 40”, diz Rolnik. Além disso, quanto mais idade a mulher tem, menor a fertilidade. O obstetra Paulo Gallo, diretor do Vida – Centro de Fertilidade da Rede D’Or, no Rio de Janeiro, explica que o pico da fertilidade feminina vai dos 15 aos 25 anos. “A queda na fertilidade começa aos 25, acentua-se aos 30 e despenca depois dos 40”, diz Gallo. “A expectativa de vida aumentou muito nas últimas décadas, mas o ovário continua da mesma forma e já nasce com um número de óvulos pré-determinados”. O obstetra especialista em reprodução humana explica que, no período entre os 30 e 40, a mulher também está mais sujeita a ter problemas como cisto de ovários e endometriose, cujas cirurgias podem levar à infertilidade.

E SE O PROBLEMA FOR INFERTILIDADE?

Para a medicina, só é infertilidade quando o casal está tentando engravidar a um ano e sem sucesso. “Nesse caso, é preciso investigar e ver o método mais adequado, se é inseminação artificial ou in vitro”, diz o obstetra Daniel Rolnik diretor do ambulatório de obstetrícia do Hospital das Clínicas.

Para se submeter a qualquer um dos dois tratamentos, a mulher precisa ovular. Ou seja, é preciso que a mulher ainda não tenha entrado no período da menopausa, quando não há mais ovulação. “Se a mulher está próxima desse período, com uns 47 anos, ela não ovula mais com regularidade, o que dificulta o procedimento”. Nesse caso, é possível se submeter a ovodoação (doação de óvulos).

Para as mulheres jovens que sabem que vão adiar a maternidade e têm medo de não conseguir engravidar depois, a opção é o congelamento de óvulos. A técnica começou a ser procurada recentemente e é cara: o congelamento custa em torno de R$ 13 mil e, quando a mulher for fertilizada, deverá desembolsar mais R$ 16 mil.

Para quem tem diagnóstico de câncer e será submetida a tratamento, que pode comprometer a fertilidade, o tratamento compensa. “O ideal é que a mulher não deixe passar dos 35 anos para congelar seus óvulos, pois eles mantêm a característica da idade em que foram congelados”, afirma Paulo Gallo. “Quanto mais jovem congelar, maiores as chances de engravidar depois”.

É preciso fazer tratamentos?
Não é necessário fazer um tratamento para engravidar. A menos que a mulher tenha problemas de fertilidade. “É hora de considerar um tratamento se você estiver tentando engravidar há mais de um ano, tendo mais de duas relações por semana e sem métodos contraceptivos”, diz Paulo Gallo. Caso a intervenção médica seja necessária, quanto antes procurar uma clínica especializada, melhor. Quanto mais jovem, maior a chance de a fertilização dar bons resultados. (veja bloco acima)

Quais são os riscos?
Para a gestante, os principais riscos são os de doenças com maior probabilidade de atingir mulheres na faixa dos 40 anos. “As doenças pré-gestacionais mais comuns são diabetes e hipertensão arterial”, afirma Rolnik. “As que podem ocorrer durante a gravidez são diabetes gestacional, parto prematuro e pré-eclâmpsia [problema que ocorre quando há um comprometimento vascular na placenta]”. Todas essas doenças podem ser prejudiciais para o bebê, pois podem causar alterações no crescimento fetal. Outro problema é que, como os óvulos já não têm o conteúdo genético tão eficiente após os 35, a probabilidade de o bebê sofrer de alguma síndrome genética aumenta.

Também é mais comum a gestação de gêmeos –e até trigêmeos. E nem sempre isso acontece por consequência dos tratamentos para fertilização. A probabilidade de gestação múltipla natural é maior quanto maior a idade. O problema desde tipo de gravidez é que há maior chance de parto prematuro e restrição do crescimento fetal. “Os riscos de má formação são menores se a mulher já teve outros filhos com gestações tranquilas”, diz Mauricio Simões Abrão, professor do departamento de obstetrícia e ginecologia da Faculdade de Medicina da USP.

Quais cuidados ter antes de engravidar e durante a gestação?
Todas as mulheres, independentemente da idade, devem procurar um médico ao decidir engravidar. “É importante fazer alguns exames, suplementar o ácido fólico, corrigir hábitos inadequados como fumar ou beber e fazer um pré-natal bem feito”, diz Rolnik. “A orientação não muda muito, apenas temos de explicar que os riscos são maiores”. O obstetra afirma que é preciso fazer um mapeamento de doenças para todas as mulheres, jovens ou não. Aquelas com aproximadamente 40 anos devem ficar atentas à pressão arterial, fazer avaliação para detectar problemas na tireoide e, durante a gestação, dar atenção dobrada ao ecocardiograma fetal e ao ultrassom morfológico, que detecta doenças genéticas. “Procure um médico para fazer exames pré-gravídicos, ver se está em dia com as vacinas e pedir orientação para tomar ácido fólico antes da gravidez”, diz Abrão. É importante ter mais cuidado com a qualidade de vida, ficar atenta ao peso e ter hábitos e alimentação saudáveis. “Uma mulher de 40 anos com alimentação saudável, magra, que não fume ou beba, pode ter uma gravidez até melhor do que a de uma jovem que não se cuide”, diz Rolnik.