Clínica Camargo Píscopo

Sexualidade

Mitos e verdades sobre o sexo na gravidez

Prática é indicada no final da gestação para casais que buscam parto normal.

Mitos e verdades sobre o sexo durante a gravidez.

Sexo durante a gravidez traz desconforto para a grávida? Machuca o bebê? Atrapalha o desenvolvimento da gestação? Faz bem ou faz mal?

Mais da metade dos casais que serão pais pela primeira vez vai ao médico com as dúvidas acima já nas primeiras consultas de pré-natal. Entre aqueles que já tiveram problemas com gravidez de risco e ameaça de aborto esse número chega a quase 100%.

Sexo é bom, faz bem para quem pratica e para a relação do casal, pode ser feito sem restrições até a chegada do bebê e é seguro, desde que seja uma gravidez saudável e sem intercorrências.

Riscos podem ocorrer somente quando a gestante tem sangramento (principalmente nos três primeiros meses de gestação), ameaça de aborto ou de parto prematuro. Nesses casos, recomenda-se a abstinência sexual, mas não necessariamente durante toda a gravidez.

Muitas vezes, recomendamos que não pratiquem sexo durante a fase de risco, assim como esforço físico e outros excessos no mesmo período. Passado o problema, o sexo está liberado. Por isso é fundamental o acompanhamento médico.

O bebê
Para o bebê, o sexo não faz bem nem mal. Importante mesmo é a mãe estar com boa saúde. Para a relação do casal, pode fazer muito bem. E não há regras: existem casais que perdem o estímulo sexual durante a gravidez e outros que sentem mais vontade. O ideal é que entrem em acordo e que não percam a harmonia, que é positiva para o bebê.

Em condições normais de gestação, o sexo não machuca o bebê, pois ele está muito bem protegido dentro do útero.

A partir do sexto mês da gravidez, o bebê começa a perceber melhor os estímulos externos, como os sons e a diferença de luz do dia e da noite. Em relação ao sexo dos pais, ele sente apenas os estímulos mecânicos, como se a mãe estivesse caminhando ou fazendo movimentos do dia a dia.

Posições sexuais
As posições da relação sexual devem mudar com o passar dos meses, de acordo com o bom senso do casal. Nos início da gestação, não há restrição. Conforme o útero vai crescendo, o casal deve procurar manter a mulher confortável, sem compressão forte sobre o bebê. Atenção também à coluna da mulher, que não deve ser forçada além da sobrecarga própria da gravidez.

Posições indicadas:

Posição colher: a mulher deitada de lado (a mesma indicada para dormir) com o homem atrás.
Mulher sentada sobre o parceiro, obtendo mais controle sobre o seu conforto.
Papai-mamãe adaptado: o homem deve manter a coluna mais elevada, para não comprimir o abdome da mulher.

O final da gravidez
No final da gravidez, a relação sexual pode causar contrações no útero. Para as mulheres sem risco de parto prematuro, essas contrações não são um problema. Para as que sofrem com dilatação do colo do útero (parte mais baixa do órgão, que segura o bebê) ou que estão grávidas de mais de uma criança, essas contrações têm um efeito maior e a indicação é a abstinência – para não estimular parto prematuro.

Nesse período, a relação sexual libera o hormônio ocitocina, responsável pelas contrações. Nas gestações normais, o sexo é bem-vindo nessa fase porque já vai preparando o corpo da mulher para o nascimento do bebê.

Outro efeito hormonal está na composição do sêmen, que possui uma substância que relaxa o colo do útero, chamada prostaglandina. Portanto, para aqueles casais que tiveram uma gestação saudável e que, por exemplo, optam por parto normal, uma das indicações médicas para o final da gravidez é praticar sexo.

Para quem tem risco de parto prematuro, o raciocínio é sempre o inverso.

Depois do parto
Após o nascimento do bebê, recomenda-se a média de seis semanas sem sexo, tempo que o corpo da mulher leva para voltar às condições normais e se proteger de microorganismos e infecções.

Depois de uma cesariana, é importante aguardar o período de recuperação. Se ainda não estiver cicatrizada, dificilmente a mulher conseguirá se soltar e curtir a relação sexual.

Assim que o bebê nasce, ocorre queda das taxas do hormônio feminino e predominância do hormônio que leva à produção do leite. Esse estado geralmente provoca na mulher uma baixa da libido.

Para voltar a praticar sexo depois da chegada da criança, é importante que o corpo da mulher tenha voltado às suas condições normais, que ela esteja segura e que o casal esteja adaptado à sua nova condição em casa.

Saúde sexual : como orientar nossos filhos

Preservação da saúde sexual: como ajudar nossos filhos nessa tarefa?

Os índices de gravidez precoce são altos em todo o mundo. Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos da América publicou que, em 1996, uma em cada dezoito adolescentes deram à luz nesse país. No Brasil, o Ministério da Saúde constatou que os partos de meninas entre 10 e 14 anos aumentou em 31% entre 1993 e 1998, tendo sido feitos 700 mil partos de meninas, de 10 a 19 anos, em 1998.Em 2000, um estudo americano publicado por Unger e colaboradores concluiu que culturas de origem asiática e branca apresentam números menores de sexo sem proteção do que culturas de origem latina. Segundo esses autores, certos valores culturais inerentes à cultura latina favoreceriam o descuido com o uso de preservativo ou métodos contraceptivos no instante da relação sexual.A dificuldade de acesso aos conhecimentos em sexualidade – devido à insuficiente possibilidade educacional (escolas) – também pode levar muitas jovens a não usar (ou usar incorretamente) os métodos contraceptivos. Nesse contexto, as meninas estão mais expostas à gravidez precoce e a mídia pode ajudar (e muito) na transmissão dos conhecimentos necessários.No entanto, sabemos que muitas meninas (mesmo aquelas bem informadas sobre como evitar a gravidez) não usam preservativo no momento da atividade sexual. Nesse caso, a simples informação não é suficiente. Vários impedimentos podem estar gerando esse descuido: imaturidade (biológica e emocional), mitos e conceitos errôneos, família ausente ou desestruturada, fatores emocionais.Para que esses impedimentos possam ser transpostos e ocorra mudança efetiva na prática sexual de nossas adolescentes, são necessários programas de educação sexual em escolas, elaborados e implementados por profissionais de saúde e educação especializados nessa área.
Diversos estudos comprovam que as meninas que esperam fazer faculdade estão mais motivadas a usar preservativo em seus encontros sexuais para postergar a gravidez precoce nessa fase de suas vidas. Sem essa motivação (perspectiva educacional), as jovens tendem a praticar mais sexo de risco e, como conseqüência, engravidam em maior proporção.

A crença de que engravidar vai “dar significado à vida”, por sua vez, está relacionada a características da cultura feminina e é observada em adolescentes de diferentes níveis educacionais e/ou econômicos. Muitas jovens ainda acreditam que ter um filho beneficiaria suas vidas, pelo fato de possibilitar que tenham alguém (bebê) que realmente precise delas ou as ame ou porque favoreceria o relacionamento com o namorado.

Um projeto de vida saudável na adolescência, com atividades que valorizem o bem estar (físico e emocional), favorece a qualidade de vida como um todo e, como conseqüência, a saúde sexual é mais valorizada. A prática rotineira de esportes é um bom exemplo de atividade recomendável.

Esse projeto de vida saudável é individual. O momento “certo” para a iniciação sexual, para que o futuro das meninas não seja prejudicado, depende da discussão entre jovens e adultos (pais, educadores, profissionais de saúde) sobre várias questões:

• Estou preparada para assumir as conseqüências de ficar grávida nessa fase da minha vida?
• Meu relacionamento está amadurecido e com intimidade suficiente para que a atividade sexual seja satisfatória?
• Estou ciente das formas de prevenir uma gravidez indesejada?
• Sinto necessidade pessoal de iniciar minha vida sexual ou estou sendo pressionada pelo meu parceiro ou meu grupo nesse sentido?

A partir desse questionamento, as jovens podem optar por adiar ou não o momento de sua iniciação sexual. O mais importante dessa decisão é que seja estabelecida pelas necessidades das próprias meninas (com autonomia) e que as possíveis conseqüências possam ser assumidas (com responsabilidade).

Fonte(s):

• Revista Seleções Reader”s Digest. Um assunto delicado. Como falar de sexo com seus filhos adolescentes? Por Cláudia Rodrigues. Rio de Janeiro (RJ); junho / 2002. p. 77-82.

Cirurgia plástica íntima é mania mundial que preocupa ginecologista

Lábios vaginais recauchutados e outros retoques na genitália feminina não podem ser facilmente exibidos como peitões de silicone ou barriguinhas lipoaspiradas. Mesmo assim, são o último fenômeno no cardápio moderno das intervenções plásticas.

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Nos EUA, são feitas mais de 1,5 milhão de cirurgias íntimas. No Reino Unido, 1,2 milhão. No Brasil, médicos apontam um crescimento de 50% nos últimos dois anos.

Um dos painéis que compõem o "Grande Mural da Vagin", do artista plástico inglês Jamie McCartney

O ginecologista Paulo Guimarães é expert em “design vaginal”. Dá cursos de formação em cosmetoginecologia para médicos. Nos treinamentos, diz, 900 mulheres são operadas por ano, a preços menores. No consultório, “com atendimento personalizado e sigilo”, afirma fazer 15 cirurgias íntimas por mês.

O cirurgião plástico Marcelo Wulkan, que atende em São Paulo e tem trabalhos sobre redução de lábios vaginais em publicações internacionais, diz fazer cem desses procedimentos por ano.

Mesmo médicos mais conhecidos por outros tipos de cirurgia, como implantes mamários e plástica de nariz, estão vendo a procura crescer.

“Nos últimos dois anos, passei de uma cirurgia íntima para três por mês”, conta Eduardo Lintz, chefe de cirurgia plástica do hospital HCor, de São Paulo, e professor do Instituto Ivo Pitangui, no Rio. No total, Lintz faz cerca de 40 cirurgias plásticas mensais.

TAMANHO-PADRÃO

Como não há evidências de que os lábios vaginais cresceram nos últimos anos, especula-se que o aumento de cirurgias redutoras esteja ligado à uma nova busca de medidas genitais “padrão”.

E o que é uma vagina normal? Assim como as estatísticas brasileiras sobre cirurgia íntima, as medidas são imprecisas. “Isso é um pouco subjetivo. Quando o lábio menor não ultrapassa 2 cm de largura pode ser considerado normal”, diz Wulkan.

Está longe de ser consenso. Segundo estudo no “British Journal of Obstetrics and Gynaecology”, a diversidade de tamanhos observada nos lábios vaginais da população é imensa, o que amplia o espectro de normalidade.

Para a modelo gaúcha Andressa Urach, a vagina não é bonita e dá para ficar melhor

O mesmo estudo aponta que trabalhos anteriores definiram como acima do normal lábios com mais de 4 cm de largura, mas essa medida deve ser revista e ampliada.

Quando os lábios menores ultrapassam os maiores, a tendência é serem considerados candidatos à cirurgia. Mas não se trata de uma imperfeição física.

“É constitucional, a mulher nasce com essa característica, como nasce com um nariz grande”, diz Lintz.

No entanto, o que é natural já não é o normal.

Imagens de nus femininos, reportagens e material didático criam o modelo de normalidade, diz a antropóloga Thais Machado-Borges, do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Universidade de Estocolmo, Suécia.

No estudo “Um olhar antropológico sobre a mídia, cirurgia íntima e normalidade”, ela diz que as mulheres consideram atrativas as formas que correspondam a esse modelo, criadas por técnicas cirúrgicas. “Será que essas cirurgias podem transformar zonas erógenas em ‘paisagens’ onde reina o prazer?”, questiona.

Como em relação a narizes, peitos e bundas, o padrão estético muda conforme a época e o país. “Nos EUA, as mulheres querem vagina pequena, cor-de-rosa. As brasileiras querem no mesmo tom de pele do das mãos, com lábios de 1 cm a 1,5 cm”, diz o ginecologista Paulo Guimarães.

“É o modelo imaginário do órgão de menininha, o formato ‘sou virgem’”, interpreta a psicóloga Rachel Moreno.

A Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia alerta seus membros sobre riscos dessa onda.

“É preciso muito cuidado para mexer em locais com tantas terminações nervosas. As cirurgias íntimas são vendidas como soluções para dificuldades sexuais, mas, se você mexer onde não era para mexer, você piora o que era para melhorar”, diz Gerson Lopes, presidente da comissão de sexologia da entidade.